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terça-feira, 27 de outubro de 2009

Comente este post e concorra ao sorteio de 3 livros

O superintendente de Relações Institucionais da FECAP, prof. Luiz Guilherme Brom, concedeu uma entrevista ao site Etcetera/TV Aparecida sobre a escolha da profissão.

Reproduziremos abaixo a entrevista e estamos propondo um desafio: quem comentar aqui no blog o que achou ou sobre o tema, automaticamente, passa a concorrer a três livros “A Crise da Modernidade pela Lente do Trabalho”, de autoria do próprio professor. Por favor, lembre-se de deixar seus contatos para que possamos entrar em contato após o sorteio. A iniciativa vale de hoje, 27/10, até quinta-feira, 29/10. O sorteio será feito no dia 30/10 e divulgado aqui no blog mesmo.

“A escolha da profissão não é uma condenação perpétua”
A frase do título desse post é do professor Luiz Guilherme Brom, da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado. Esse cientista social, especialista em sociologia do trabalho, participa do Et Cetera sobre “Profissões e o Tempo” e falou ao blog do programa.

ETC: O senhor dirige o Centro de Estudos Interdisciplinares do Trabalho da FECAP. Qual o objetivo desse grupo?
Luiz Guilherme Brom: O CEIT é um núcleo de pesquisas da Fecap, especialmente dedicado à questão do trabalho. É interdisciplinar porque permeia as diversas áreas das Ciências Sociais: economia, sociologia, direito, antropologia, psicologia, etc… O objetivo é pesquisar a realidade do trabalho para um maior esclarecimento sobre o que ocorre. Ao divulgar nossos estudos, pretendemos auxiliar o esclarecimento de jovens e profissionais em geral sobre o que ocorre no mundo do trabalho. Trabalhamos com tabulação de dados do IBGE e SEADE, entre outras fontes.

ETC: A formação profissional e inserção de jovens no mercado de trabalho estão entre as suas especialidades. No Brasil, quais as principais falhas tanto na formação quanto na inserção?
LGB: A principal falha da educação (sobretudo ensino médio e superior) é não prestar um esclarecimento isento aos jovens, acerca do trabalho e da profissão. As escolas não raramente se deixam levar por modismos e idéias estereotipadas que são divulgadas na mídia, mas também pelas famílias e círculos sociais. A sociedade de consumo, o individualismo e a competição empurram as pessoas para equívocos enormes. A busca por profissões que “dão mais dinheiro”, é um exemplo e leva a grandes decepções. Qualquer profissão pode dar dinheiro, trazer realização, desde que o profissional seja bom no que faz. E para isso é fundamental gostar do que se faz. Quem não gosta do que faz, tem poucas chances de se dar bem.

ETC: Ainda há um conservadorismo na hora de escolher carreiras?
LGB: O que há, em geral, é falta de esclarecimento. No Brasil (ao contrário da Europa e EUA), as pessoas são obrigadas a escolher uma carreira excessivamente jovem. Esse jovem é pressionado pela família, pela mídia e pelos modismos em geral. Algumas profissões são glamorizadas e outras menosprezadas. Por exemlo: o censo de 2000 mostrou que apenas 27% dos formados em comunicação trabalhavam na própria área de comunicação. Apesar disso, comunicação (jornalismo, etc…) foi um curso dos mais procurados nos últimos 10 anos (todos querem virar jornalista célebre, mas só uma ínfima minoria consegue). O mesmo acontece com outros cursos. 53% dos brasileiros formados atuam fora de sua área de formação.
Outra mentira que causa profunda ansiedade entre os jovens é a idéia de que a escolha da profissão é para o resto da vida. Como se fosse uma condenação perpétua. Ao contrário do passado, a formação profissional deve ocorrer ao longo de toda a vida de trabalho. A faculdade que se escolhe pela 1ª vez, é apenas o 1º curso de formação que se faz. Muitos outros virão. Nada do que se faz aos vinte e poucos anos de idade não pode ser corrigido. Além disso, nossos desejos e vontades mudam ao longo da vida. O importante é a gente se nortear pelo que temos vontade de realizar. Isso nos torna mais feliz. Ao escolher uma carreira aos 18 anos, é preciso ter consciência de que se trata da melhor escolha para aquele momento; não necessariamente para o resto da vida.

ETC: Vale a pena investir no que é diferente? Aliás, como saber o que escolher?
LGB: Vale a pena investir no que a gente se sente atraído, naquilo que poderá ser fonte de prazer e realização profissional. Quem é criativo pensa pela própria cabeça e não pela dos outros. O que é diferente, estranho em termos de formação profissional, pode ser justamente criativo. Tudo o que é criativo é estranho à primeira vista. Conheço um fisioterapeuta que fez doutorado em engenharia eletrônica. Estranho, não? Pois é, hoje ele é o maior consultor brasileiro de equipamentos eletrônicos de fisioterapia para hospitais. Ganha muito dinheiro com isso. Portanto, primeiro, é preciso se informar sobre as profissões. E depois, escolher o que se deseja… o que a vontade manda escolher. Quem faz o que gosta, faz bem feito.

ETC: Em seu livro “A Crise da Modernidade pela Lente do Trabalho”, o senhor fala de uma nova ordem que surgiu a partir da década de 80. Como ela se caracteriza?
LGB: Nos últimos 25 anos do século XX a economia mundial passou por profundas mudanças. O velho modelo de corporações pesadas e com muitos funcionários entrou em crise. Muitas simplesmente desapareceram nos anos 80, como por exemplo a PAN AM, que era a maior empresa aérea do mundo. Com a globalização, as indústrias e fábricas são transferidas em ritmo ainda mais rápido para países em desenvolvimento. Junto com isso, há terceirização e automatização das tarefas. Resultado da nova ordem econômica: explosão do desemprego em todo o mundo. Após 30 anos de estabilidade no pós-guerra, a sociedade industrial ocidental entra em crise. Junto com desemprego em massa, acontecem migrações de trabalhadores pobres e favelização das cidades. A oferta de postos de trabalho é sempre abaixo da demanda. Só na região metropolitana de São Paulo temos um milhão e meio de desempregados.

ETC: O que podemos esperar para o futuro nesse sentido? Mais mudanças?
LGB:
Em relação ao futuro, o melhor que se pode fazer é se preparar para ele e adquirir uma ampla bagagem cultural. Estudar muito. Não é o diploma que garante o futuro, mas o conhecimento, a capacidade de pensar bem. O estudante que aprendeu a aprender, que sabe pesquisar, investigar e tomar decisões equilibradas, vai enfrentar bem o seu futuro profissional. Mais do que estar preparado para o primeiro emprego, é preciso estar preparado para as mudanças, que serão muitas e fortes ao longo da vida profissional.

O professor Luiz Guilherme mantem um blog sobre educação e profissão: http://blogeducacaoeprofissao.blogspot.com/.

16 comentários:

  1. Acho que estamos no início de uma grande movimentação de ajuste. Revolução como conceito mudou. Ela não tem mais período específico. É um fato constante. Profissão é outro conceito que flui para o amplo desenvolvimento. Se a pessoa se fechar numa especialidade, será útil por um tempo e engolida pela sociedade mais adiante... Há que se observar a capacidade de adaptação ao que chega, a cada dia... Tudo está em movimento e no campo profissional começamos a nos dar conta disso... Mas uma coisa precisa de mais consolidação: Ensino! Pesquisa! A escola precisa olhar mais para o seu lado existencialista, formador... ou estaremos nas mãos de países que saberão como usar o que temos em nosso chão...

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  2. As escolhas do presente definem nosso futuro.

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  3. Concordo no ponto em que o professor diz sobre as mudanças. A vida, e isso inclui nossas decisões e planos de carreira, são uma dialética atrelada à complexidade que permeia o ser humano. Mais importante do que tomar decisões prematuras, é fazer com que essas decisões façam parte de um processo, e como ele mesmo diz - "Nada do que se faz aos vinte e poucos anos de idade não pode ser corrigido".

    Ótima entrevista!

    Meu contato: fabioprocopio@gmail.com

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  4. Parabéns pela entrevista. O assunto é digno de uma boa discussão.

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  5. Parabéns pelo Blog !!

    beijos

    Emily Bianquini
    http://rpublicando.blogspot.com

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  6. "Qualquer profissão pode dar dinheiro, trazer realização, desde que o profissional seja bom no que faz. E para isso é fundamental gostar do que se faz. Quem não gosta do que faz, tem poucas chances de se dar bem."
    Eu devo falar isso no mínimo 2x por dia para meus colegas! Falo também que ter quase trinta não impede ninguém de começar do zero. É impressionante a ansiedade que temos quando somos muito jovens! Ansiedade essa que deveria ser trabalhada desde os primórdios do ensino fundamental, abolindo assim essa falsa urgência que nos permeia desde sempre.

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  7. Quando escolhi fazer RP aos 18 anos, escolhi também fazer hotelaria na Escola Técnica, e assim fiz os dois cursos. Sempre tive uma visão multidisciplinar do trabalho e acho que falta muito isso no jovem de hoje. Outra escolha que fiz depois foi o curso de pos em MKt e COmunicação. Sempre digo que tenho um leque de opções para trabalhar e coisas que gosto muito.
    Penso que devemos nos especializar e atualizar sempre e SIM, AMAR o que se FAZ.
    Parabéns!

    Prof.ª Priscila Borges
    http://triborp.blogspot.com

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  8. Interessante ...
    Assunto que rende bons e calorosos comentários em sala de aula.

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  9. Adorei o Post!!

    Todos nós sabemos que o mundo está em constante transformação e como o professor disse: " é preciso estar preparada para as mudanças, que serão muitas e fortes ao longo da vida profissional".

    Ele ainda ressaltou que devesmo fazer o que gostamos, eu concordo! Mas acredito que o problema não está em fazer o que gosta e sim, em lidar com todo o tempo e dinheiro investido para depois perceber que você quer fazer outra coisa. As pessoas so pensam em tempo e dinheiro e esquecem da satisfação.
    Imagina você chegar para o seu pai que bancou 3 anos de faculdade, que você mudou de idéia, tudo por causa de um equívoco na hora da escolha. A culpa é de quem? Existe um culpado? Como lidar com essa situação? Como o professor falou, a prórpiafalta de esclarecimento e assistência por parte das instituições de ensino contribuem para esse cenário.

    Um amigo me disse, que aos 27 anos nem ele sabia ao certo o que queria fazer da vida, mas isso não significou que ele era infeliz. Por isso vou mais longe, o detalhe não é você considerar a sua profissão uma condenação perpétua e sim, a coragem de mesmo gostando ir para outros caminhos, explorar sem medo de errar. Tudo é uma questão de satisfação, naquele momento era a melhor escolha, mas isso não significa que seja a melhor agora ou para sempre! E como o professor falou: "a formação profissional deve ocorrer ao longo de toda a vida de trabalho".

    A própria sociedade nos diz que se você não correr, você vai ficar para rás, é um loucuraalguém decidir o quer fazer para o resto da vida aos 18 anos. Digo "para o resto da vida", pois quase ninguém nos passa a visão que no futuro você poder ser outra coisa, que não é errado mudar de opinição. Aliás, a maioria das pessoas encaram isso como um disperdício de tempo, se você estudou educação física e depois decidiu fazer economia, você é considerado um indeciso. Ninguém olha pelo lado do conhecimento adquirido ao longo do tempo. Se você prestar o vestibular 3 vezes ou chega no 2º ano de faculdade e depois decidi mudar, parabéns! Você é considerado um caso perdido.

    Tenho vários amigos que estão na 2ª faculdade, sendo que a 1ª foi "imposta" pelos pais e a 2ª é o que eles queriam fazer(vice e versa). Me parece que aos 20 e poucos anos o futuro não pertence somente a você. Todos querem que você tenha um futuro, por isso os familiares querem te proteger e se você ainda não sabe o que fazer.... Ah! Então vira médico, está na moda, ganha bem!
    . . .

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  10. . . .

    Eu gosto do que eu faço! Mas só descobri o meu curso 5 meses antes de prestar o vestibular numa feira de estudante
    todos nós passamos por indecições, acredito que ninguém pode escolher por você o melhor caminho, mehor profissão. Sim, o jovem está sendo pressionado pela família, pela sociedade, ele estuda como um louco, mas no final de tudo ele só quer ser alguém, quer ser recohecido pela sociedade, mesmo que para isso a felicidade/satisfação venha em segundo plano, nada é para sempre, tudo está numa constante transformação.
    O nosso grande dilema é mostrar que a Felicidade não pode ser mensurada, mas vale muito mais que dinheiro, e melhor fazer algo que goste mesmo ganhando uns trocados, mas no final acabar sendo O melhor e ganahndo muito. Nã quero que ninguém jogue nada para o alto e se arrisque numa aventura profissinal, mas nós jovens precisamos de alguém que nos dê apoio e segurança, pois se o futuro é incero em quem vamos confiar, já que não conhecemos nada ainda?

    Bjss, Jéssica
    jerblima@gmail.com

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  11. Concordo com o professor! "Ao escolher uma carreira aos 18 anos, é preciso ter consciência de que se trata da melhor escolha para aquele momento; não necessariamente para o resto da vida."

    Meu contato: glauciapb17@hotmail.com

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  12. Agora esse blog vai pra frente! Está nas mãos certas!

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  13. Concordo plenamente com o Professor Luiz Guilherme. Na cultura brasileira a pessoa tem que escolher sua profissão muito cedo e como uma obrigação, sem que para isso muitas vezes reflita e tenha uma boa orientação sobre o que ela realmente gosta e quer fazer. No final das contas as influências externas são maiores e temos aí uma gama de pessoas infelizes com seus trabalhos...

    Muito boa a entrevista! Gostaria de ganhar o livro.

    Abraços,

    André Tropiano
    andretropiano@yahoo.com.br

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  14. Gostei muito da entrevista , acho que esse assunto é inteiramente importante para nós jovens.
    Tenho 16 anos e sou super preocupada em relação ao meu futuro e carreira profissional. Cresci ouvindo que a minha escolha profissional seria para resto da minha vida, por isso ate hoje sempre me preocupei bastante.
    Mas com essa entrevista me veio uma esperança de que nem tudo é pra sempre.
    Parabéns pela entrevista.

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  15. Concordo com a Jéssica. Acredito que existe uma pressão excessivamente grande sobre os jovens para a escolha da profissão. Por que devemos escolher nossa profissão tão cedo? será que é realmente necessário? Antes de tudo, ficar alguns anos fazendo cursinho virou sinonimo de vagabundagem...e dizer aos seus pais que o curso que fez durante três anos não é exatamente o que você gostaria então!? Você os fez perder tanto dinheiro a toa!?

    Mas tudo isso tem a ver com um processo mais profundo que vivemos, a chamada "aceleração contemporanea". Toda vez que visito minha avó, ela comenta: "Como esse ano passou rápido!" Não...o ano passou na mesma velocidade. O que mudou é a maneira como lidamos com o tempo que temos. Precisamos estudar, trabalhar/fazer estagios, fazer aulas de ingles, espanhol e outras aulas extra-classe, nos divertir, namorar, saber se nossos amigos estão bem, manter a caixa de e-mails vazia, o twitter atualizado, o orkut em ordem, saber de tudo o que está acontecendo no mundo, nos preocupar com nosso futuro e com as contas do fim do mês e mais uma porção de coisas. Em meio a tudo isso, como aceitar que uma pessoa perca tanto tempo fazendo cursinho e decidindo qual profissão vai escolher. Ou como esperar que as pessoas pesquisem sobre todos os assuntos que norteiam todas as dezenas de profissões que podem escolher? é necessário, mas talvez seja necessário também algumas horas a mais no nosso dia. Na falta dessas horas, precisamos estabelecer prioridades. Sair com os amigos ou pesquisar sobre o curso que iremos fazer? Duvida, hein!? Mas parece que a própria escola já deixou de estimular essas pesquisas! Se é que um dia ela já o fez...

    laisinha_pinheiro@Hotmail.com

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  16. Gestão do conhecimento.
    Otimo Debate...
    Bem sabemos que informação e Diferente de conhecimento.A Informação que existe em um Jornal ou Revista Diario é mais do que muitos podem absorver em um só dia!

    Que tipo de formação se deve oferecer ao aluno de ensino médio?
    É uma questão polemica pq temos escolhas Públicas com um grau de qualidade melhor que muitas Particulares e outras de pessima qualidade.A Diferença é a complementação da Grade curricular do Estado ou Municipio com outras politicas educacionais dos Pais e Mestres Dedicados.
    A amplitude das "necessidades" do Aluno de Ensino Médio só podem ser compreendidas na medida da investigação de suas "deficiências" no Ciclo Basico(pré ao 4ª) e Intermediario(5ª á 8ª) ora como ensinar um aluno que não gosta de ler ou melhor não sabe ler e interpretar textos,solucionar questões simples de Matématica e Logica?
    Bem realmente o que nos queremos ser,vai sempre depender do caminho que tomamos inicialmente e se esse caminho não nos levar ao nosso objetivo está na hora de Mudarmos de caminho.

    Flavio RA 06021055

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